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Arquitetos: Scapelab
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Fotografias:Miran Kambič
Estado prévio. Tratava-se de um beco sem saída localizado abaixo da ponte Fabiani em Ljubljana, Eslovênia. A ponte tem dois níveis, com uma estrada de quatro faixas no nível superior e uma ponte para pedestres no nível inferior. As características estruturais da ponte formavam um espaço não utilizado sob ela. Logo após a abertura da ponte, esse espaço se tornou um local de encontro para uso de drogas ilegais, com pessoas sem-teto dormindo (apesar de existir um abrigo operando a menos de 100 metros de distância) e com elevada ocorrência de crimes. A ponte foi construída em um espaço formado por uma demolição parcial do complexo da antiga fábrica de açúcar, chamada Cukrarna. Essa demolição parcial foi urbanisticamente necessária para completar a rodovia circular interna da cidade. Entretanto, a demolição também apresentou uma oportunidade. O complexo da fábrica de açúcar iria receber uma revitalização, e a transformação dessa área degradada era iminente. Mas o local era considerado negativo: um espaço isolado, coberto e sem vigilância, perto do centro da cidade, convidando ao uso indesejado.
Objetivo da intervenção. A infraestrutura de skate em Ljubljana era e ainda é bastante subdesenvolvida. Entramos em contato com alguns membros proeminentes da comunidade de skate da cidade e pedimos a sua opinião. Descobriu-se que as características que definimos como negativas eram positivas para o skatepark - os skatistas gostavam de um local isolado, coberto, sem vigilância e perto do centro da cidade. Juntamente com o grupo, formulamos uma proposta: uma pista de skate embaixo da ponte. A cidade aprovou o projeto, mas estabeleceu um orçamento bastante restrito. A expectativa era que esse projeto revitalizasse a área e fornecesse uma nova infraestrutura esportiva para a cidade.
Descrição. A intervenção foi projetada como uma mini rampa de skate que ocupa o espaço inutilizado sob a extremidade sul da ponte. Essa mini rampa foi projetada em cooperação com skatistas e um consultor de skatepark, pois as curvas e dimensões das rampas são extremamente específicas. A mini rampa também foi segmentada, oferecendo alturas, inclinações e finalizações diferentes para os skatistas. O restante do nível inferior, destinado ao pedestres, é projetado como um skatepark plano e suave, com caixas e trilhos. Isso permite o uso máximo pelos skatistas, ao mesmo tempo em que oferece corredores seguros para os pedestres passarem pelo skatepark e voltar ao nível superior da ponte. O skatepark foi construído com estruturas de aço e uma mistura especial de concreto, que proporciona exatidão na execução das curvas com superfícies lisas e contínuas. A área da mini rampa possui uma cerca e um portão para fornecer a segurança que a cidade desejava e criar uma borda suave em caso de contato. A madeira e o aço corten fornecem um contraponto mais quente para o espaço que é, de outra forma, frio e de concreto.
Avaliação. O skatepark era destinado a funcionar como um espaço controlado, e as chaves só podiam ser adquiridas com um segurança próximo. Isso não se mostrou produtivo e até levou a conflitos. A cidade então, decidiu manter o parque aberto, e ele começou a funcionar de fato. Por ser o único skatepark aberto 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano, e ser protegido da chuva, vento e neve, ele se tornou muito popular. Devido à presença constante de pessoas, uma supervisão informal do espaço foi estabelecida e o uso indesejado do espaço desapareceu. Do ponto de vista arquitetônico, trata-se de um exercício de transformação. Quando infundido com o programa certo, as características do espaço se tornaram positivas. Devido à sua popularidade, o controle informal é rígido. A intervenção foi bem aceita na cidade e hoje funciona em combinação com o prédio renovado da Cukrarna, que foi convertido em uma galeria de arte. Juntos, eles apresentam um novo polo gerador para a área que, de outra forma, era degradada e agora está passando por uma reurbanização.